OBRAS NA SEC. ALCAIDES DE FARIA ALVO DE PERGUNTA
Sem embargo, a curta história da empresa Parque Escolar nunca deixou de suscitar as maiores reservas a várias forças políticas, às próprias comunidades educativas e foi mesmo alvo de um permanente escrutínio por parte da Assembleia da República.
Na realidade, esta empresa acabou por ser um exemplo paradigmático dos últimos anos de governação: o plano de requalificação de escolas secundárias como estímulo à economia, nomeadamente à economia local, não passou de uma oportunidade perdida.
Para mais, esta Entidade Pública Empresarial deixa atrás de si uma pesada factura a ser paga pelos portugueses. Hoje, a Parque Escolar apresenta um endividamento de quase mil milhões de euros, fazendo parte de um negro top 10 das empresas públicas mais endividadas do país!
Este endividamento, de precisamente 946 milhões de euros, é ainda mais chocante quando se conhecem e visitam obras em escolas, da responsabilidade das autarquias locais, com um grau de qualidade e exigência idênticos mas que custaram bem menos do que as obras a cargo da Parque Escolar.
Para cúmulo, as escolas intervencionadas pela Parque Escolar não respeitam qualquer plano estruturado de eficiência energética e têm necessidades de consumo energético elevadíssimas, agravadas por uma deficiente estrutura de ventilação.
Lamentavelmente, e porque a história não termina aqui, têm vindo a público notícias que dão conta de escolas intervencionadas pela Parque Escolar em que chove nos pavilhões e salas de aula.
De acordo com relatos de alunos, divulgados pela Agência Lusa, no pavilhão desta escola é necessário recorrer a baldes para evitar que a chuva danifique o pavimento. Mais ainda, “a chuva está também a "atacar" nas salas de aula”, e o azulejo das salas "está a descascar", por causa da humidade.
O Gabinete do Ministro da Educação refere ainda a existência de "algumas diferenças entre o tipo de investimentos geridos pela Parque Escolar e outros efectuados por entidades como as Câmaras Municipais, as quais poderão explicar algumas das diferenças nos custos finais das obras, a saber:
- a existência de cursos profissionais em muitas das escolas já intervencionadas, de que decorrem especificidades com impactos relevantes ao nível dos custos, por exemplo, a necessidade de instalações oficinais com instalações e equipamentos específicos;
- no caso de requalificações de infraestruturas existentes, os sobrecustos associados a tais tipos de intervenções (designadamente em instalações provisórias e logística operacional, para assegurar a manutenção da lecionação de aulas durante o período de obras, e, no caso particular de antigos liceus e escolas industriais e comerciais, a maior especialização que é requerida por motivos de protecção de património).
Não obstante estas ressalvas, o actual Governo está "ciente da extrema importância de o investimento público na requalificação e beneficiação de escolas ser efectuado com rigor, com devido controlo e fiscalização das obras efectuadas, razão pela qual foi solicitado à Inspecção-Geral de Finanças, no passado mês de Agosto, que realizasse uma auditoria à actividade desenvolvida pela Parque Escolar e que abrangesse, entre outras componentes, a análise do custo das intervenções efectuadas; neste momento, aguarda-se pela entrega do respectivo Relatório".
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